quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Legend of the Shadowking - Freedom Call | Reviews de CDs | Blog Metal Play

Sem maiores pretensões artísticas?

2010 - Alemanha - Power Metal



Já virou clichê comentar o quão clichê anda o gênero do power metal. Poucas bandas buscam novos caminhos artísticos, que refletem em inovação no próprio som. A maioria delas se limita a seguir a mesma fórmula que existe há mais de trinta anos: vocais agudos, sons rápidos, algumas orquestrações e temas de fantasia. Seja dito de passagem, não há problema nisso. Existem bandas que fazem isso muito bem até hoje, com sentimento, acreditando no próprio som, ou seja, fazem música verdadeira. O Freedom Call dá indícios que, ainda, deseja seguir esse caminho.

"Legend of the Shadowking" (2010) apresenta todos os elementos tradicionais do power metal - ressalvadas algumas faixas. "Out of the Ruins", "Thunder God" e "Tears of Babylon" não demonstram nenhuma novidade em relação aos álbuns anteriores da banda. Canções com guitarras velozes e refrões genéricos presentes no estilo. "Merlin - Legend of the Past" tem uma melodia quase infantil e um refrão que se propõe a ser contagiante. "Resurrection Day" é a pior faixa do álbum. A música é tão ruim que a banda nem se deu ao trabalho de dar um desfecho para ela. Terminou em fade out.

Entretanto, "Under the Spell of the Moon" mostra que há uma luz no fim do túnel. Excelente composição. É um momento de esperança para o ouvinte de que a audição pode melhorar. A faixa é sensacional. Christian Bay experimenta tons mais graves - lembrando linhas vocais de gothic metal -, para depois alcançar tons altíssimos em um refrão magnificente. Definitivamente a melhor do álbum. Grande vocal.

"Dark Obsession" é outra boa canção. Ao exemplo da anterior, a temática se refere à escuridão. Possui um belo refrão e riffs mais pesados. Também há vocais mais graves conduzindo o ouvinte ao conceito da música. "The Darkness" expõe a versatilidade do vocalista Chris Bay. A música é um pouco mais cadenciada e introspectiva. Boa faixa.

Em contrapartida "Remember!" é mais uma composição no estilo power metal. Já "Ludwig II - Prologue" é um belo intróito em alemão que ganha contorno épicos no final. "The Shadowking" tem versos mais agressivos do que os habituais da banda. Bastante variação nos vocais. O refrão tem uma melodia agradável.

A balada do disco é "Merlin - Requiem". Inicia-se no piano juntamente com o vocal em tons dramáticos. Em determinado momento, uma bela orquestração barroca e uma discreta bateria dão mais sentimento à música. Ótima canção.

Em "Kingdom of Madness" a banda flerta com o Hard Rock, porém mantendo o conceito do disco. Já em "A Perfect Day" a temática fantástica é deixada de lado. Um belo violino acompanha alguns riffs da música.

"Legend of the Shadowking" pode ser dividido em dois atos: o clichê e a boa música. A partir de "Under the Spell of the Moon" a banda experimenta novos sons e diferentes temáticas. A autenticidade está presente na segunda parte do disco. Por essa autenticidade, o álbum se torna bom. Cabe a banda no seu próximo trabalho, o "Land of the Crimson Dawn" trilhar o caminho do clichê fácil e, ainda, mercadológico ou o caminho da sinceridade artística.

***


Legend of the Shadowking

1. Out of the Ruins
2. Thunder God
3. Tears of Babylon
4. Merlin – Legend of the Past
5. Resurrection Day
6. Under the Spell of the Moon
7. Dark Obsession
8. The Darkness
9. Remember!
10. Ludwig II – Prologue
11. The Shadowking
12. Merlin – Requiem
13. Kingdom of Madness
14. A Perfect Day


Formação

Chris Bay – vocals, guitar
Lars Rettkowitz – guitar
Samy Saemann – bass guitar
Dan Zimmermann – drums

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Motion - Almah | Reviews de CDs | Blog Metal Play

A busca pela identidade

2011 - Brasil - Laser Company



Dizem que o álbum reflete o momento em que o artista está vivendo. É um verdadeiro registro daquilo que ele sente naquele instante. Ele se expressa artisticamente e grava. Simples assim.

A discografia do Almah apresenta três bandas completamente diferentes. O "Almah" (2006) é um disco experimental que foi produzido paralelamente aos trabalhos de Edu Falaschi com o Angra. É um disco muito emocional e verdadeiro. Como em princípio era um projeto paralelo, o vocalista contou com participações internacionais para a sua gravação. No "Fragile Equality" (2008) O Almah se tornou uma banda. O disco é uma miscelânea de vários estilos do heavy metal. Em contrapartida, o terceiro álbum "Motion" (2011) é a afirmação da identidade da banda. Seja dito de passagem, o Almah não faz mais o chamado power metal. Não há orquestrações, nem sinfonias ou vocais líricos. O álbum soa moderno. A busca pela identidade veio pela inovação.

"Motion" é o mais pesado da discografia da banda. Eles definitivamente se reinventaram. São evidentes as influências de thrash metal. Porém, não é um disco de thrash metal. Não me atrevo a defini-lo.

o álbum segue uma temática atual. Não é um álbum conceitual. Seja dito de passagem, nota-se a inovação do álbum pelos temas das músicas. 

"Hipnotized" é a melhor faixa do disco. Todas as características da banda estão presentes, o peso, o virtuosismo e a versatilidade dos vocais de Edu Falaschi.

"Living And Drifiting", "Days of The New" e "Bullets On the Altar" seguem a nova proposta apresentada pela banda. Muito peso e incorporação de groove metal às composições. Destaca-se na última o belo refrão. A melodia dela é espetacular.

"Zombies Dictator" é a faixa mais agressiva do álbum. A participação de Victor Cutrale da banda Fúria Inc. com os vocais rasgados formando uma verdadeira antítese ao vocal melódico de Edu Falaschi torna a música muito interessante. "Trace of Trait" foi escolhida para ser o primeiro single da banda. Boa escolha, pois resume muito bem o "Motion". "Soul Alight" começa com riffs típicos de nü metal, evoluindo para um thrash metal e tem seu desfecho com um refrão repleto de feeling. Boa faixa.

"Late Night in '85" é a faixa mais emocional. A balada inicia-se com o vocal e violão para ganhar vida com riffs pesados e um belo solo de guitarras. "Daydream Lucidity" se aproxima do power metal. Guitarras velozes e pedal duplo correndo contra o tempo. Não é tão boa quanto às anteriores.

Por fim, "When And Why" é composta somente de voz e violão. A música é linda. Tem influência de música folk americana. Excelente canção.

Como definir "Motion"? Não ouso tentar. O Almah se reinventou e produziu um grande álbum. Consolidou-se como banda. Parece que a busca pela tal identidade, finalmente, chegou ao fim.

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Motion

1. Hypnotized
2. Living and Drifting
3. Days of the New
4. Bullets on the Altar
5. Zombies Dictator
6. Trace of Trait
7. Soul Alight
8. Late Night in 85
9. Daydream Lucidity
10. When and Why

Formação:

Edu Falaschi - Vocals
Marcelo Barbosa - Guitars
Paulo Schroeber - Guitars
Felipe Andreoli - Bass
Marcelo Moreira - Drums


Under The Grey Banner - Dragonland | Reviews de CDs | Blog Metal Play

 
 De volta às origens

2011 - Power Metal - Suécia


Os três primeiros álbuns do Dragonland, quais sejam "The Battle of the Ivory Plains" (2001), "Holy War" (2002) e "Starfall" (2004) seguiram a linha do power metal épico. São álbuns conceituais que contam a história fantástica de "Dragonland Chronicles". São belos álbuns, apesar de seguirem uma linha já conhecida no power metal.

Ao passo que "Astronomy" (2006) foi uma ruptura no estilo da banda. O guitarrista  Olof Mörck, o define como o álbum mais sombrio da banda. Ele tem razão. O álbum é diferente dos anteriores. Mais progressivo e menos épico. À época do lançamento do álbum, o direcionamento musical foi explicado em uma entrevista para o Whiplash!.


O lançamento não decepciona. "Under the Grey Banner" (2011) é um bom álbum. Produzido sob medida para os fãs de power metal que apreciam vocais agudos, elementos sinfônicos e guitarras rápidas.

"Ilmarion" é a introdução épica tradicional das bandas de power metal. Logo em seguida vem "Shadow Of The Mithril Mountains", que é a melhor faixa do álbum. Trata-se de uma grande composição. Mérito do vocal excepcional de Jonas Heidgert e também do refrão empolgante:

"He will rule supreme
that I know, I've seen it in my dreams
Our world, and what will be
The true hope lies beyond the sea
To light our path
and keep us from harm"

"The Tempest" é uma faixa mais cadenciada. Lembra em alguns momentos o álbum anterior. "A Thousand Towers White" segue mais a linha do power metal tradicional. Tem um belo refrão. "Fire And Bristone" apresenta a contraposição de um vocal mais grave, além de elementos orquestrais similares ao Nightwish.

"The Black Mare" é uma mais bela composição. A que mais deixa o ouvinte absorto na narrativa fantástica que a banda o envolve com o álbum. Já "Lady Of Goldenwood" apresenta elementos folk e barrocos, além de vocais femininos. Destaque para o vocal versátil de Jonas Heidgert.

"Dûrnir's Forge" conduz o ouvinte a uma atmosfera repleta de tensão. Boa faixa. Apesar das boas linhas vocais, "The Trials Of Mount Farnor" é talvez a faixa mais fraca do álbum. "Throne Of Bones" é uma música de 1:47 que apresenta um suntuoso vocal interpretando a trechos da segunda faixa do álbum. Excelente.

A faixa título, "Under The Grey Banner" se propõe a ser a mais épica do álbum. Apresenta todos os elementos tradicionais desse tipo de música das bandas de power metal: faixa mais longa, elementos sinfônicos e mudanças de andamento. É uma boa composição. "Ivory Shores" encerra bem o disco. É a faixa mais medieval. Poderia muito bem ser trilha de filmes de fantasia como o Senhor dos Anéis.

Portanto, "Under the Grey Banner" é o melhor álbum da banda. O esperado lançamento correspondeu às expectativas. A inesperada volta às origens, com os temas épicos de batalhas medievais e fábulas de uma história fantástica, sem dúvida, eleva o Dragonland aos grandes nomes do power metal mundial.

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Under The Grey Banner

Faixas

1. Ilmarion - 3:18
2. Shadow Of The Mithril Mountains - 5:44
3. The Tempest - 4:13
4. A Thousand Towers White - 4:07
5. Fire And Brimstone - 4:31
6. The Black Mare - 6:13
7. Lady Of Goldenwood - 4:16
8. Dûrnir's Forge - 4:58
9. The Trials Of Mount Farnor - 5:26
10. Throne Of Bones - 1:47
11. Under The Grey Banner - 8:04
12. Ivory Shores - 3:18

Formação

Olof Mörck - guitars and violin
Jonas Heidgert - vocals (drums until 2002)
Anders Hammer - bass
Elias Holmlid - keyboards
Jesse Lindskog - guitars (drums until 2009)
Morten Lowe Sorensen – drums


Site oficial para mais informações e melhor compreensão da história.